Fazendas de luz
um projeto de distribuição de energia sustentável
Com os projetos Energiewende, do governo alemão, e da ONG brasileira Revolussolar, é possível traçar um modelo de transição energética eficaz por meio da proliferação democratizada de geração elétrica.
Com painéis solares e tubos eólicos (semelhantes às turbinas, mais baratos e sem os riscos de afetar a vida aérea), famílias em situações de pobreza e em regiões rurais poderiam ser beneficiadas com um projeto de distribuição de recursos para geração de energia própria.
Não apenas isso, as pessoas teriam um incentivo para investir nesse modelo: as famílias receberiam pagamentos por energia excedente. A geração de energia em "fazendas elétricas" é parte do conceito do Partido Verde Alemão adotado a partir dos anos 90 no país, o Energiewende, que impulsionou as energias renováveis a ocuparem hoje a segunda posição de matriz energética na Alemanha, segundo reportagem da Deutsche Welle de 2018.
Considerando as particularidades regionais e o abismo social brasileiro, um plano energético que ignore a enorme possibilidade de alavancar economias locais seria, no mínimo, um desperdício. Partindo do princípio que um maior mercado consumidor produzirá mais riquezas, elevar a economia distribuindo a energia limpa seria algo muito prático, barato e eficaz.
Parte do raciocínio de alinhar os objetivos do Energiewende com a ONG Revolussolar brasiliera, que distribui painéis solares nas periferias buscando garantir a emissão e a tarifa zero nas contas de luz locais, é justamente ir além da produção para consumo próprio e garantir uma renda a essas populações, urbanas e rurais, desamparadas pela desigualdade.
A proliferação energética, aliada aos objetivos de redução de desigualdades, serviria a um propósito de capital privado em uma empresa social. Acionistas lucrariam com a distribuição energética e investiriam nesses "fazendeiros de eletricidade" que, amparados pela empresa, poderiam sustentar pequenas, médias ou, quem sabe, grandes regiões energeticamente.
Além da distribuição energética limpa, a redução das desigualdades também serviria para reduzir o desmatamento em áreas limítrofes de florestas brasileiras (principalmente a Amazônia), onde pequenos fazendeiros tornam-se grileiros ilegais para a produção de gado. Com o auxílio financeiro da produção energética, tais fazendeiros estariam amparados financeiramente e poderiam ingressar em uma economia sustentável.
A educação energética, informacional e financeira também seriam ímpares para o desenvolvimento dos produtores parceiros. Estes saberiam, não apenas o que produzem, mas o quanto, como, porquê e o valor do que produzem.
A sustentabilidade energética, tal qual o desenvolvimento sustentável, é uma nova fronteira para o desenvolvimento econômico, social e cultural. Se um país como a Alemanha, que possui cerca de 40% menos incidência solar do que o Brasil, consegue fazer uma transição tão eficiente, nós também podemos.
Referências:
https://www.nationalgeographic.com/magazine/article/germany-renewable-energy-revolution
https://www.dw.com/pt-br/alemanha-registra-recorde-de-energia-renov%C3%A1vel/a-47001526
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1518-70122020000200379